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A ZEN SA encabeça um projeto que está desenvolvendo um redutor para tração de veículos elétricos, o EletroRedutor. Para acompanhar a tendência de eletrificação do mercado automotivo, a indústria automotiva sediada em Brusque (SC) busca adquirir competências por meio de parcerias estratégicas com empresas e institutos de ciência e tecnologia, além de explorar investimentos federais de incentivo à pesquisa e inovação. Neste sentido, a iniciativa do EletroRedutor é parte do planejamento estratégico da organização.

O projeto é realizado com as empresas de capital 100% nacional WEG S.A., Gerdau, CIP e eION, juntamente com o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura de Santa Catarina. “É um belo trabalho. Somando as competências do SENAI às das empresas vamos mostrar que podemos ser protagonistas também nessa tendência de eletrificação de veículos”, comenta o presidente e CEO da ZEN, Gilberto Heinzelmann.

O portfólio da ZEN hoje concentra principalmente sistemas e componentes exclusivos de veículos a combustão, como os recém-lançados motores de partida e alternadores, portanto, produtos que estão fora do powertrain de veículos elétricos. Esta é a primeira vez que projeta tecnologia voltada a automóveis com motores 100% elétricos e o processo de desenvolvimento do EletroRedutor é um desafio que envolve inovação.

Atualmente os produtos similares no mercado são adaptados do sistema redutor utilizado em motores de combustão interna. O EletroRedutor, por sua vez, está sendo desenvolvido para atender as demandas da mobilidade elétrica. A ideia é que ele contribua para solucionar um dos principais desafios da eletrificação, a autonomia do veículo e os custos com baterias. Permitirá que o motor trabalhe com maior eficiência e poderá ser instalado desde em carros de passeio até em furgões de transporte e veículos off-road.

“A busca de soluções de inovação incrementais e disruptivas a partir do projeto proposto visa explorar aspectos de geometria, materiais e fabricação das engrenagens que venham aumentar a capacidade de torque, diminuir perdas de potência e atenuar a geração e a propagação de ruídos e vibrações nos veículos eletrificados”, explica nosso especialista em pesquisa e desenvolvimento, Dr. Eng. Alvaro Canto Michelotti, coordenador do projeto na ZEN. Com conclusão prevista para dezembro de 2022, o projeto tem potencial para conquistar o mercado, mas o principal objetivo da empresa é o desenvolvimento experimental para adquirir conhecimento e experiência na área.

Aliança para inovação

A iniciativa do projeto partiu da ZEN, que buscou parceria estratégica com a WEG, gigante do setor elétrico que nos últimos anos vislumbrou o mercado automotivo como oportunidade de negócio, e com a Gerdau, que pesquisará materiais e ligas para o EletroRedutor. A aliança ganhou forma com a inclusão dos demais parceiros.  A empresa CIP fabricará os protótipos das engrenagens projetadas, que serão instalados para testes e avaliações de desempenho no Buggy Power, veículo da empresa eiON.

O Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura (ISI-SM) está capacitando a equipe em projetos avançados de engrenagens. Conforme orçamento do projeto, uma parceria com o Instituto Tecnológico da Aerounáutica (ITA) também foi firmada para agregar conhecimento técnico em sistemas de transmissão, que é uma linha de pesquisa altamente desenvolvida pelo Centro de Competência em Manufatura (CCM-ITA).

Ao todo, o investimento na pesquisa soma mais de R$ 2 milhões. A verba parte do consórcio das empresas envolvidas e do SENAI, mas principalmente de financiamento governamental, por meio de recursos gerados pelo Rota 2030. É uma lei federal sancionada em 2018 que dispõe de um programa para incentivo à pesquisa e desenvolvimento, apoiando os mais promissores projetos de inovação na cadeia automotiva brasileira.

Mobilidade elétrica

Veículos elétricos e híbridos estão ganhando espaço, principalmente nos mercados chinês, europeu e estadunidense. Na Europa, por exemplo, já somaram 10% das vendas de carros utilitários em 2020, segundo a Associação de Montadoras Europeias de Automóveis (ACEA). “Uma motivação adicional está inserida na expectativa que o projeto do EletroRedutor poderá habilitar empresas de capital 100% nacional a serem fornecedores globais de soluções para um futuro mercado automotivo eletrificado”, argumenta o gerente de Desenvolvimento de Produtos, Pesquisa & Desenvolvimento da ZEN, Paulo Mortari.

No Brasil, a eletrificação de automóveis caminha a passos lentos e levará décadas para renovarmos nossa frota. No entanto, é futuro certo. Deve ser impulsionada pela tendência global, apelo ambiental e avanço da tecnologia, o que reduzirá os elevados custos de produção e valores de venda que vemos hoje no País. “Toda a cadeia do setor está se adaptando a este novo cenário e a ZEN está prospectando oportunidades de continuar fornecendo peças e sistemas para as versões automotivas elétricas”, revela Mortari.